O prazer e a paz de perdoar

Não vou tentar esconder o que nunca escondi de quem anda ao meu lado: durante décadas tive a dificuldade de aprender a perdoar.

Carreguei dores, marcas e profundas mágoas em meu coração. Era agressivo e rebelde, revoltado e perigoso. Reagia com muita agressividade. Acima do normal.

Percebendo isso, o Pastor Congregacional Marcelo Ferreira, no final dos anos 90, bateu na porta de minha casa, em Vicente de Carvalho, subúrbio do Rio de Janeiro, e me deu um presente, aquele ‘objeto’ foi a semente que anos mais tarde germinou em meu coração: um livro.


Exatamente esse livro

Creio, do fundo do meu coração, que todo cristão, ou que diz servir a Jesus, chega a ser “obrigatório” a leitura deste livro.

Caiu como uma bomba em meu coração e estraçalhou a minha alma. Me jogou contra a parede e me fez rever conceitos, preceitos e preconceitos.

De todas as histórias narradas nesta pérola em forma de livro, o perdão oferecido por Vladimir Tomarevisk aos bandidos que mataram sua esposa e filha é uma das histórias mais comoventes que já li em toda a minha vida.

Estou prestes a completar 55 anos, e jamais li nada tão profundo.


Jornal da época: 1983

A frase mais célebre desse livro é:

Perdoar é deixar o outro nascer de novo na nossa história, sem as memórias que fizeram dele uma desagradável lembrança.


Foi como uma bomba atômica em meu coração. Revi valores e foram anos de germinação…

Mas:

Aprendi a perdoar ao homem que me estuprou, quando eu ainda era uma criança de 9 anos, membro da escola dominical da minha igreja em Vicente de Carvalho.

Aprendi a perdoar o meu pai, afastou-se de todos e por quem senti imensas saudades por mais de 20 anos.

Aprendi a perdoar o meu avô Milton, que tanto mal me fez.

Aprendi a perdoar a minha tia Nilda, prostituta e ‘quizumbeira’, que tentou me matar atirando um paralelepípedo em minha cabeça, nos anos 2000. Ela estava no segundo andar da casa e eu no primeiro. A enorme pedra nem tocou em mim, eu dei um passo “repentino’ para a frente.

Aprendi a perdoar a Rose…

Aprendi a perdoar a Anne…

Aprendi a perdoar a minha mãe…

Meu salário?

Hoje, tenho a graça de saber que cuidei do meu pai, em seus últimos anos e me tornei seu maior confidente.

Hoje, tenho a graça de saber que cuidei de minha preciosa mamãe, que faleceu em meus braços em profunda paz. Ela teve os melhores anos de sua vida, no fim de sua vida. A noite em que ela se foi, DEUS nos presenteou com um ‘jantar de despedida’. Demos muitas gargalhadas, nos divertimos com histórias dela e minhas, e foi deitar em paz…

Hoje, tenho a graça de saber que cuidei do meu avô Milton e, no leito da UTI do hospital em Icaraí, Niterói, ele me disse: “Me perdoe e cuide de sua avó.” Ela aceitou a Jesus após uma pregação que fiz, na Igreja Metodista de Vaz Lobo.

Hoje, tenho a graça de saber que cuidei do meu primo Oswaldo, que tentou estuprar a minha filha Brunna, com 2 anos. Apesar da revolta e dor que ele me causou, eu o perdoei.

Hoje, de coração, eu não carrego mágoas de ninguém, porque também sei que causei muitas dores, mas, hoje, carrego paz, amor, misericórdia e muito perdão em meu coração.

Sou um eterno devedor da graça e da misericórdia de Deus, e não perdoaria meu irmão?

Quem me traiu, me abandonou, me desprezou… Eu já perdoei a todos, no nome de Jesus Cristo de Nazaré.

A todos… sem exceções.

Mesmo tendo ‘comido o banquete que o diabo amassou’, eu tenho e tive uma vida feliz. O “bandido e extremamente pobre” venceu na vida, pela graça e misericórdia de Deus.

Mesmo com todas as dificuldades que enfrentei na vida, falta de grana (já passei muita fome), superei 3 AVCs, 3 infartos (1 do miocárdio) e 2 comas, eu conquistei:

  1. Me formei em Psicologia;
  2. Me formei em Teologia (Bacharel, Mestrado e Doutorado);
  3. Fui pastor, ordenado e consagrado pelo Reverendo Caio Fábio D’Araújo Filho, autor do livro ‘Perdão — A Encarnação da Graça’;
  4. Me formei em Jornalismo;
  5. Concluí o curso de especialização em Jornalismo Digital;
  6. Tirei o meu DRT/MTB de Jornalismo no Ministério do Trabalho — Seccional Paraná;
  7. Fui agraciado com 5 Moções de Aplausos de 3 Câmaras de Vereadores diferentes;
  8. Recebi o título honorífico de Jornalista do Ano pela reportagem “Samu — Uma Família de Socorristas” em 2017, outorgado pela União Brasileira de Profissionais de Imprensa;
  9. Fui pastor em 3 igrejas;
  10. Fui pastor em Berlim, na Alemanha;
  11. Conheci importantes locais da Europa;
  12. Sou editor de um dos sites de Notícias, independentes mais acessados do Brasil: www.redegni.com.br desde 2013;
  13. Tenho 131 livros escritos, editados e publicados (físicos e e-books);
  14. Tenho 3 CDs gravados;
  15. Escrevi (letra e música) 49 canções — algumas delas estão aqui nesse site.
  16. Sou pai, avô, tio e amigos dos meus amigos.
  17. Tenho 7 filhos (Carol, Brunna, Brenno, Leonardo, Daniela, Sarah e Beatriz);
  18. Tenho 3 netas (Olívia, Ísis e Laura);
  19. Como dizia meu amigo Adhemar de Campos: “Tenho vida, alegria, em todo o tempo. Tenho amigo, família e muitos irmãos”.
  20. “Fui salvo por Jesus, nEle eu encontrei a paz. Deus me amou primeiro e eu fiz dEle o meu maior amor” Trecho de PACIFICADO PELA PAZ (Letra e Música de Léo Vilhena).

Não sou “santinho”, por vezes me revoltei, por vezes gritei, muitas vezes chorei, já tentei o suicídio uma única vez, mas eu encontrei a paz ao perdoar.

Não me importa o que fizeram comigo, eu aprendi a perdoar.

Se irei andar com essa pessoa de novo, é outra história, mas aprendi a perdoar.

E sabe por quê?

O prazer e a paz de perdoar é graciosamente maravilhoso.

Léo Vilhena.


Leia em e-Book PERDÃO A ENCARNAÇÃO DA GRAÇA


Eu e Dona Luci, minha mãe eterna!

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